A casa do camponês

Casa típica de um camponês peruano

Na nossa volta de Sillustani a Puno, o guia parou numa casa de um camponês, desses bem pobrinhos. Não estava no programa, mas ele ofereceu a parada. Tínhamos algum tempo de sobra, por isso aceitamos a sugestão. Na verdade, ele queria uma “propina” (gorjeta) por esse serviço extra, e também pediu gentilmente para que deixássemos uns trocados para o camponês e para o motorista também. A agencia, é claro, não fica sabendo desses chunchos do guia e do motorista, mas canja de galinha e dinheirinho extra não fazem mal a ninguém

A casa do camponês. Em cima, no telhado, dois boizinhos de cerâmica. São amuletos que trazem riqueza e prosperidade, estão presentes em muitas casas peruanas. Parece que aqui não funcionou.
 
Era também tudo meio esquematizado, pois o camponês preparou a casa dele para esse tipo de visita, de turista. De qualquer forma, foi muito interessante..

    O campones nos mostrou suas habilidades com um tear doméstico, e havia alguns trabalhos (texteis) a venda.

Tecelagem manual – o peça acima tem a figura de Wiracocha, o deus inca criador do universo.

Como não existem mais arvores na região, muito dos locais cozinham em fogão de pedra, queimando capim seco e estrume de animais de criação (lhamas e alpacas).

No quintal da casa havia um cantinho cercado, onde se criava cuy (porquinho da India). Não como bichinhos de estimação, mas para comê-los assados.

As terras da região são muito pedregosas, e o campones nos explicou que precisa retirar manualmente as pedras antes de cultiva-las. Mostrou então as ferramentas agricolas usadas, coisas que no Brasil não se usa há mais de 40 anos. A Valmet e a Massey Ferguson ainda não chegaram nesta região. Eu não vi nenhum trator agrícola em toda a viagem.

O campones nos mostrou os mediavais instrumentos agrícolas.

Foi nos oferecido batatas cozidas com pedrinhas de argila seca. É um tipo de argila branca, sem gosto. Provavelmente muito rica em sais minerais, magnésio, calcio, ferro etc., é um complemento alimentar descoberto pela cultura popular. Eu gostei mais das batatas.

Havia uma “exposição” de alimentos típicos dos peruanos : batata e quinoa.  Comemos umas batatas assadas, muito boas. A batata branca da foto é chamada de chunho, é desidratada para fins de conservação; é uma batata “longa vida”.

Batata e quinoa
Portal da casa, com os boizinhos em cima.

O campones tinha uma lhama e uma vicunha na casa, para o turista torrar o saco delas:

    Terminada a nossa visita, que foi bastante interessante, surpreendentemente o campones não pediu gorjeta nenhuma. Ficou ali quietinho no canto esperando a gente gratifica-lo. Demos uma boa “propina”, pelo que ficou muito feliz.