Lima–Huaca Pucllana e cultura Wari

Huaca Pucllana (bairro Miraflores)

Huaca (ou Waca) Pucllana foi uma grande pirâmide construída pela cultura Lima, que habitaram o local entre os anos 200 d.C. até 700 d.C. A construção iniciou-se no ano 400 d.C., constituía em 7 plataformas, porem o que restou hoje não tem sequer forma de pirâmide. O sitio, fica onde hoje é o bairro Miraflores,  era não somente um local religioso, mas havia ali também, ao redor da grande pirâmide, outras pirâmides menores, construções e praças de uso público.

Originalmente Huaca Pucllana se estendia por mais de 16 hectares (cerca de 18 campos de futebol), porem atualmente restam somente 6 hectares, onde se concentram as principais edificações. O restante foi destruído pela ocupação imobiliária. O descaso com este importantíssimo sítio arqueológico era tal que, segundo relato de um guia, até o início dos anos 80 o local era usado como pista de MotoCross (!).

Os Limas realizavam em Huaca Pucllana rituais invocando divindades do mar, pois grande parte da subsistência deles vinha do mar (pesca). Foram encontrados no local restos mortais que indicam sacrifícios humanos de meninas e crianças, provavelmente em cerimônias religiosas.

Figura representando sacrifícios humanos pelos Limas, em Huaca Pucllana.
Fonte : huacapucllanamiraflores.pe/

Os arredores da grande piramide. A direita, no canto superior, é um restaurante chique.

A piramide é toda feita em tijolinhos pequenos, de adobe (barro com capim), assentados verticalmente.

Reconstituição de um indio Lima fazendo tijolo de adobe.

Reconstituição de indios Limas realizando um pequeno ritual religioso.

Após o ano 700 d.C. os Limas deixaram o local, acredita-se que migraram para o interior em busca de terras mais chuvosas.

Em Huaca Pucllana há um pequeno jardim, onde se cultivam os produtos agrícolas consumidos pelos indiginas que ali viveram. Segundo o guia, este jardim é uma maneira de se provar que ali era viável a produção desses alimentos.

Os jardins de Huaca Pucllana, com pequenas plantações de milho, abóbora, batata, quinoa, etc.

Da mesma forma, existe um pequeno “zoológico”, com os animais que eram criados: lhamas, alpacas e cuys. Há também Vicunhas e Guanacos.

Visitas

As visitas ao local é com hora marcada, é paga e com guia falando ingles ou espanhol. O tour com guia dura mais ou menos 1 hora. 


Na entrada há um pequeníssimo museu com algumas peças. Acho que é mais uma salinha de espera, onde o turista fica enquanto espera o início do tour.

A ocupação Wari

Com os Limas abandonando a região, ali se instalaram as tribos Wari. A partir do ano 800 d.C. fizeram de Huaca Pucllana um cemitério para os seus mortos mais ilustres. Parte da obra dos Lima foi então destruída para acomodar os mortos. Os Waris envolviam os cadáveres em tecidos formando um fardo fechado. Alguns cadáveres adultos estavam acompanhados de outro, de criança, o que sugere sacrifício humano, com a criança seguindo o adulto para o outro mundo. Junto aos cadáveres, eram enterrados alguns pertences ligados a atividade do morto.

Uma tumba Wari em Huaca Pucllana

Foram encontrados em Huaca Pucllana vários tecidos da cultura Wari, de estampas coloridas, belíssimas. Os Waris eram habilidosos artesões, produziam tecidos e cerâmicas de alto valor artístico.

Túnica Wari

Um tecido Wari, 600 d.C.

Túnica Wari, c. 850 d.C.

Moringa Wari

Ocupação Ychsma / Ichma

Após a decadência dos Imperios Lima e Wari, a costa central do Peru foi ocupada por pequenas tribos, conhecidos como Ychsmas. Estes povos viveram no local entre 1.000 a 1.470. Passaram a usar o templo Huaca Pucllana, novamente como local de ritos sagrados e cemitério.

Há registros escritos sobre esta cultura, feitos por cronistas espanhóis; que narram a extrema religiosidade destes povos. Costumavam fazer cerimônias para os deuses, principalmente para pedir chuva.

Andahuaylillas

 

Cidade de Andahuaylillas e Igreja Apóstolo São Pedro

Andahuaylillas é um povoado minúsculo, poeirento, com a sua Plaza de Armas; localizada a 45 km ao sudeste de Cusco. Toda cidade antiga do Peru tem a sua Plaza de Armas, onde a igreja católica fez seu templo. Um e outro ônibus de turistas chegam para quebrar o sossego do lugar. Paramos para ver a Igreja de São Pedro, que fica, é claro na praça.

Igreja San Pedro Apólstol de Andahuaylillas

Por fora é uma igreja simples, embora a porta tenha certa beleza. Por dentro, é uma verdadeira obra de arte.

A pacata Plaza de Armas da modorrenta Andahuaylillas

A construção dela iniciou-se em 1570, sendo completada em 1606 pela Companhia de Jesus (a mesma que fundou a cidade de São Paulo) É chamada de “Capela Sistina das Américas”, devido aos seus murais.

A Igreja Católica e os espanhóis construiram templos maravilhosos no império dos incas a fim de intimida-los e demonstrar as suas forças; os espanhóis para conquistar o local e a Igreja Católica para converter os nativos, considerados pagãos e por isso condenados ao inferno (!). E para extinguir a fé que eles professavam antes, construíam igrejas sobre antigos locais de ritos sagrados, que eram destruídos, como é o caso da Igreja San Pedro de Andahuaylillas. Os espanhóis e católicos também confiscaram objetos de ouro e prata dos incas, e os derreteram para comercializar ou usar o metal. Assim, os espanhóis e a Igreja Católica colaboraram e muito para a destruição dos vestígios da cultura inca.

Apesar de tudo, o povo peruano, a maioria descendente de indígenas, não tem ressentimentos contra a Igreja Católica, já que a maioria dos peruanos professa essa religião. A Igreja Católica conseguiu o seu intento. Os guias turísticos, estes sim, tem seus ressentimentos e lamentam o fato de que a Igreja Católica promoveu uma devastação do patrimônio histórico indígena.

O interior da igreja é coberta de arte Barroca e outras decorações. Há inúmeras pinturas da Academia de Cusco (“Escuela Cusqueña”), e murais de Luis de Riaño representando as caminhadas para o céu e para o inferno. O altar principal é esculpido em cedro, e folheado em ouro.

Interior da Igreja

Há ainda uma pintura da sagrada concepção, que é atribuída ao grande mestre espanhol Bartolomé Estebam Murillo.

Anunciação, atribuida a Bartolomé E. Murillo

Fiquei imaginando, no século XVII Andahuaylillas era um povoado paupérrimo (e ainda é…), com suas casas de tijolo de barro cobertas com palha. Não tinha sistema de esgoto e nem fossas sanitárias, cavalos e outras criações defecavam na rua, devia ser um povoado fedido (como eram todos os povoados daquela época). Mas, tinha essa esplendida joia. Como dizia aquela música, “ostra nasce no lodo, mas gera pérola fina”.

O fantástico altar da igreja de Andahuaylillas

Púlpito da igreja

Cidadezinha de Andahuaylillas

Cusco–Historia

Cusco - História

Cusco é uma cidade muito alta (com 3.400 metros altitude), tem mais de 300 mil habitantes. É uma cidade feia, mal acabada, com seus edifícios quase todos iguais, de tijolo a vista.

Foi o mais importante centro administrativo do império inca. Lendas contam que a fundação da cidade deu-se no século 11 ou 12, pelo lendário inca Manco Capac, juntamente com sua irmã e esposa Mama Oclo.

Manco Capac e Mama Oclo emergem do lago Titicaca para fundar Cusco

Entretanto, poucos vestígios da cultura inca restaram em Cusco, sendo quase tudo destruido pelos espanhois, pelos padres católicos e pela ocupação imobiliária.

Vestigios arqueológicos indicam que Cusco já era habitada há 3.000 anos. Porem os incas chegaram a cidade somente no século XVII. A cidade é considerada a mais antiga das Américas.

Atribui-se ao lider inca Pachacuti ter feito de Cusco um forte centro espiritual e político. Tendo chegado ao poder em 1438, ele e seu filho Túpac Yupanqui dedicaram cinco décadas à organização e conciliação dos diferentes grupos tribais sob seu domínio, entre eles os Lupaca e os Colla. Durante o período de Pachacuti e Túpac Yupanqui, o domínio de Cusco chegou até Quito, no Equador; e se estendeu até o rio Maule, ao sul, integrando culturalmente os habitantes num império que se estendia por 4,5 mil quilometros da costa do Pacífico.
 O imperio Inca no seu auge, tendo Cusco como capital administrativa e cultura.

O primeiro espanhol a invadir Cusco foi Francisco Pizarro em 1532, saqueando os tesouros da cidade. Em 1533 Pizarro tomou conta da cidade, criando ali a Plaza de Armas para ser o centro administrativo dos invasores. 

    Em 1536 Manco Inca iniciou seus confrontos contra os espanhóis, estabelecendo em Vilcabamba um foco de resistência. Em 1572, o inca Tupac Amaru I, ultimo lider da resistência foi derrotado, capturado e decapitado.

    Também em Cusco ocorreu o segundo movimento de independencia contra os espanhois. Em 1780 o lider inca José Grabriel Condorcanqui, que adotou o codinome Tupac Amaru II, levantou-se contra a administração espanhola. O movimento foi sufocado, depois de meses de luta. Tupac Amaru II foi capturado e executado em público, na Plaza de Armas, juntamente com toda a sua familia.

    Em 1950 um forte terremoto destruiu 1/3 das edificações da cidade.

Cusco está situado em uma região de agricultura forte, com cultivo de quinoa, milho, cevada, chá, etc. A cidade, foi declarada pela Unesco como Patrimonio Cultural da Humanidade, em 1983. Somente a partir de 1990 o governo peruano percebeu a importancia turistica da cidade e iniciaram-se esforços para atrair e receber turistas. Cusco hoje é a cidade que mais recebe turistas no Peru. Entretanto, um dos nossos guias no Peru contou que o turismo só foi possivel depois desta data, 1990, graças ao ex-presidente Alberto Fujimori, que erradicou o terrorismo no país.

Cusco–centro histórico

Cusco – centro histórico

O centro histórico de Cusco é bem pequeno, e muito agradável de se andar a pé. Um dia é o suficiente para conhecer os principais pontos turísticos de Cusco.

A grande joia da cidade é a sua imensa Catedral (veja postagem), situada na Plaza de Armas (toda cidade antiga do Peru tem sua Plaza de Armas, que era uma espécie de quartel general dos invasores espanhóis).

Plaza de Armas

    Segundo lendas indígenas, o casal Manco Capac e Mama Oclo teria emergido do Lago Titicaca, e guiado por deuses teriam chegado a um local sagrado, onde deveriam fundar uma comunidade. Este local é Cusco, e o casal seria o Adão e a Eva dos Incas . Historiadores preferem dizer que os incas migraram da Ilha do Sol (lago Titicaca), em busca de terras para cultivar.

Cusco foi a capital do império Inca.

Saindo dos devaneios, voltando ao século XX.

A Plaza de Armas de Cusco

A Plaza de Armas de Cusco é um lugar bom para compras, com suas lojinhas nas arcadas da praça. Descobri ali uma lanchonete que servia um hamburger incrivelmente delicioso. A estátua no centro da praça é de Pachacuti, o 9º. (e mais importante) imperador Inca.

Plaza de Armas, Cusco. A esquerda, a fabulosa Catedral de Cusco, e ao lado direito a Igreja da Companhia de Jesus.

No centro da Plaza de Armas, a estátua de Pachacuti

O melhor hamburguer do mundo voce come aqui, em Cusco, na Plaza de Armas. McDonalds não chegou ao Peru.

Na praça, ficam a Catedral de Cusco (veja postagem) e a Igreja da Companhia de Jesus .

 

Igreja da Companhia de Jesus

Em 17 de julho de 1571 iniciou-se no local a construção de uma pequena igreja. Somente em 1654 a Congregação dos Jesuitas iniciou o trabalho de construção da Igreja da Companhia de Jesus, concluída 17 anos depois, em 1671.

O altar maior mede 12 metros de largura por 21 de altura, talhado em cedro e folheado a ouro. No centro do altar, está a imagem da Virgem Maria; e acima uma tela representa a transfiguração de Jesus.

Há ainda duas capelas laterais, seis altares e um púlpito totalmente dourado. Ao lado do altar maior, há outros quatro altares também de cedro.

Obras do pintor Marcos Zapata representam a vida de Santo Inácio de Loyola, fundador da Ordem dos Jesuitas.

Pulpito da Igreja da Companhia de Jesus

O mercado San Pedro

Andamos a pé pela cidade, descemos a rua Marquez Manta até chegarmos ao Mercado Municipal San Pedro. No caminho, descobrimos um centro de vendas de artesanatos.

Mercado San Pedro

Fonte : desbravandonovasfronteiras.com

O mercado San Pedro não é grande, mas muito interessante. A maior esquisitice ali é a secção de restos de carcaça de boi. Ali se vende, ao que parece, partes que não são aproveitadas do gado : focinhos, cabeça, pés, etc.

Secção de carnes no Mercado San Pedro.

Há muitos restaurantes fuleiros dentro do mercado, e a procura por eles é grande.

Procure no Mercado San Pedro o famoso pão de Oropeta, que é uma cidade vizinha a Cusco, famosa por seus pães assados em forno a lenha. A cidade de Oropeta tem mais de 50 padeiros com forno a lenha. O pão de Oropeta, chamado chuta é redondo, achatado, parece uma pizza gigante. Muitos peruanos que vem a Cusco não voltam para casa sem este pão. Também já virou tradição levar este pão de presente, quando se visita alguem.

Atenção, procure o chuta original, de Oropeta. É muito gostoso, tem casca crocante e é macio e adocicado por dentro.

A Rua General Buendia

Proximo ao Mercado San Pedro, há uma rua de comercio de produtos alimenticios muito interessante.  É uma gigantesca bagunça, um mercado ao ar livre.  Uma rua que aqui no Brasil não existiria de forma alguma, pois abelhudos e intrometidos de plantão não iam admitir, seria segundo eles, “atentado a saúde publica”.

A pedra dos 12 angulos e Hatun Humyoc 

Fomos até a rua Hatun Humyoc ver a famosa pedra de doze ângulos. Chegamos lá num horário ruim de tirar fotos, pois a pedra estava metade no sol, e metade na sombra. Passeamos pelos arredores, fizemos algumas compras e voltamos mais tarde para tirar a foto abaixo, com o sol mais favorável.

Rua Hatun Rumyoc – nesta rua se encontra a pedra dos 12 angulos. É uma rua que preservou as paredes incas.

O templo do Sol (Koricancha)

A igreja e Mosteiro San Domingo esta situada onde era Koricancha, o local mais sagrado dos Incas. Neste local, havia um templo dedicado ao deus Inti (Sol). Conta-se que neste templo haviam vários objetos usados em rituais, todos feitos em ouro; algumas paredes do templo eram revestidas em ouro maciço; túmulos com múmias de importantes personalidades da história inca, todas paramentadas com braceletes, mascaras, medalhas, todas em ouro. No pátio do templo, estátuas em prata e ouro. Segundo alguns espanhóis, o tesouro de Qorikancha era fabuloso, inacreditável. Com a chegada dos espanhois, o templo foi destruido e no lugar construiram a igreja e o mosteiro. . A igreja católicanão admitia a existencia de nenhum objeto de adoração que não fosse católico, por isso confiscou o tesouro e mandou derreter todo ele. Assim se perderam importantes peças da cultura inca.  Infelizmente.

Convento San Domingo


No local, existe um museu subterraneo.

Centro de Textiles Tradicionales del Cusco (CTTC)

Localizado no numero 630 da Avenida del Sol, proximo ao Templo Korikancha, o CTTC é uma instituição sem fins lucrativos, cujo maior objetivo é preservar as tecnicas da produção textil tradicional do Peru, atraves de ensinamentos às novas gerações. Funciona no local um museu sobre o tema.

Cusco – Galeria de fotos

Mulheres posam para foto na Plaza de Armas, e depois cobram “propina”.

Mulheres em trajes típicos, se vestem assim para tirar fotos com turistas.

Uma rua típica do centro histórico de Cusco

Cusco, de dentro do carro.

Igreja Companhia de Jesus em Cusco